A Síndrome de Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS), frequentemente denominada de Apneia do Sono, consiste numa obstrução ao nível das vias aéreas superiores (VAS) durante o sono, podendo ser parcial (dando origem ao ressonar) ou total (provocando uma paragem respiratória – apneia – que pode durar vários segundos ou mesmo minutos, consoante a gravidade). É uma situação séria, potencialmente fatal.
Quando dormimos os músculos da via aérea superior e a língua relaxam, obstruindo a faringe, interferindo com a respiração normal. Este episódio pode acontecer com maior ou menor frequência de acordo com a maior ou menor gravidade desta patologia.
Na maioria dos casos, o paciente sofrendo de apneia do sono, ressona alto e com frequência, ocorrendo períodos de silêncio quando as vias aéreas se obstruem. Alguns estudos apontam para uma prevalência de 24% nos Homens e de 9% nas Mulheres.
A interrupção da respiração também pode resultar num nível reduzido de oxigénio e elevado de dióxido de carbono no sangue. O seu cérebro responde a este desequilíbrio acordando-o brevemente para voltar a abrir a via aérea – muitas vezes, acorda-o de forma tão leve que não tem memória de ter acordado. O resultado pode comprometer a saúde física e mental.
Um dos sinais mais notórios de SAOS é ressonar alto – a chamada roncopatia. A roncopatia também é extremamente comum, afetando 45% da população adulta de forma intermitente e 25% de forma regular. Traduz-se por um ressonar de baixa a alta intensidade, interferindo na qualidade do seu sono ou na qualidade do sono do seu parceiro. Apesar da roncopatia ser inofensiva na maioria dos casos, o ressonar alto e regularmente pode ser sinal de uma patologia bem mais grave – a apneia do sono.
O ressonar ocorre nas vias aéreas superiores, quando estas estão parcialmente colapsadas pelos tecidos moles da orofaringe. A passagem dificultada do ar provoca a vibração dos tecidos moles, gerando o som característico de ressonar.
As crianças também podem apresentar quadros de ressonar. A abordagem da Roncopatia na criança apresenta alguma “emergência” no diagnóstico e especificidades no tratamento, sendo orientada e tratada de forma diferente dos adultos, muitas vezes com recurso a abordagens ortodônticas ou pela Otorrinolaringologia pediátrica.
Em caso de roncopatia ou suspeita de SAOS o doente deve ser analisado numa consulta especializada, onde é confirmado o diagnóstico e planeado o tratamento.
Na Orisclinic possuímos uma consulta vocacionada para a abordagem de pacientes com Roncopatia e Apneia do Sono, onde após o diagnóstico são abordadas as diferentes hipóteses terapêuticas (medidas de correção comportamental e estilo de vida, terapêutica posicional, dispositivos de avanço mandibular, hipóteses cirúrgicas, e CPAP em casos de SAOS grave).
Sinais e sintomas
A apneia do sono pode ser extremamente debilitante, provocando sonolência e fadiga diurna. Conhecer os sinais e sintomas da apneia do sono pode ajudar a determinar se a apneia do sono é a verdadeira causa da sua sonolência, falta de energia e fadiga diária.
Os sintomas mais comuns e óbvios da apneia obstrutiva do sono são o ronco alto e contínuo e a sonolência diurna. O seu parceiro ou outros membros da família podem ficar atentos ao ronco. Sentir-se excessivamente cansado durante as atividades diárias normais, como conduzir ou ler um livro é, também, um sintoma característico de quem sofre de apneia do sono.
Alguns sinais e sintomas de SAOS a ter em atenção:
Se notar ou lhe relatarem que ressona intensamente ou que interrompe a respiração durante a noite, ou sofre de cansaço excessivo durante o dia, entre outros, é essencial que consulte um profissional de saúde especializado na área do sono.
Os Fatores de risco para SAOS incluem:
Alguns destes fatores de risco podem ser controlados, ao passo que outros não. Por exemplo, perder o excesso de peso, parar de fumar e reduzir o consumo de álcool e sedativos podem reverter a apneia obstrutiva do sono.
A genética pode estar associada à apneia do sono, mas não é um fator de risco importante para esse distúrbio do sono. A evidência científica demonstra que os genes que se acreditam estarem associados à apneia do sono incluem aqueles que desempenham um papel na regulação da respiração, comunicação das células nervosas, controlo do apetite, controlo da resposta inflamatória, desenvolvimento craniofacial e ciclo vigília-sono. No entanto, os comportamentos de saúde e estilo de vida saudável podem ajudar a minimizar essas predisposições genéticas à apneia do sono.
Para além de aumentar o risco de ter acidentes de viação, as complicações da SAOS podem ser muito sérias. Estas incluem:
Embora seja mais comum em homens com idade superior a 40 anos, qualquer pessoa pode sofrer de SAOS, até crianças – cerca de 5% das crianças sofrem de SAOS, o que pode levar a perturbações do desenvolvimento cognitivo.
Sonolência diurna
A sonolência diurna é um sintoma e um risco da apneia do sono. Também conhecida como hipersónia, a sonolência diurna pode interferir no desempenho do seu trabalho ou na escola e deixá-lo cansado para cumprir tarefas importantes, como por exemplo, passar tempo com os entes queridos, realizar as suas atividades favoritas e praticar exercício físico. A sonolência diurna pode, também, colocá-lo em risco de acidentes se adormecer enquanto conduz ou opera máquinas pesadas.
Problemas cardíacos
A apneia do sono causa quedas repentinas e repetidas nos níveis de oxigénio no sangue enquanto dorme. Estas alterações provocam uma pressão indevida no coração e no sistema cardiovascular, aumentando a tensão arterial e o risco de desenvolvimento de problemas relacionados com o coração, como frequência cardíaca anormal, ataques cardíacos, insuficiência cardíaca e derrames. Os problemas cardíacos estão entre os efeitos de longo prazo mais sérios da apneia do sono, devido aos riscos adicionais de cirurgia, tratamento intensivo para toda a vida e morte.
Diabetes tipo 2
Um estudo recente afirma que a prevalência geral estimada de apneia obstrutiva do sono em pacientes com diabetes tipo 2 é de 71%. Durante os episódios de paragem respiratória durante a apneia do sono, os níveis de dióxido de carbono no sangue aumentam, causando problemas na resistência à insulina e níveis elevados de açúcar no sangue. A diabetes tipo 2 em si aumenta o risco de danos nos nervos, danos nos rins e amputação de membros.
Sistema imunitário enfraquecido
Ter um sono de qualidade é um fator importante que contribui para a manutenção de um sistema imunitário forte, juntamente com uma nutrição adequada, exercício físico regular e gestão eficaz do stress e ansiedade. A privação de sono associada à apneia do sono pode enfraquecer e suprimir o funcionamento do sistema imunitário, tornando-o mais suscetível a doenças, infecções e doenças sistémicas.
Alterações de humor
A falta de sono pode deixá-lo irritado e/ou mal-humorado, podendo, deste modo, causar problemas nos seus relacionamentos pessoais e familiares. A privação de sono, aumenta, também, o nível da hormona do stress (cortisol) no corpo e perturba o equilíbrio de todos os outros níveis hormonais e neurotransmissores, como a serotonina e a dopamina, que regulam o humor. Como resultado, a apneia do sono crónica que não é tratada pode levar ao desenvolvimento de alterações de humor, como ansiedade e depressão.
Morte
Um estudo recente afirma que as pessoas com apneia do sono severa têm um risco três vezes maior de morrer devido a qualquer causa em comparação com as pessoas que não têm apneia do sono. Estima-se que 42% das mortes em pessoas com apneia do sono são causadas por doenças cardíacas ou derrame e o risco de morte aumenta ainda mais quando a apneia do sono não é tratada. Procurar um diagnóstico adequado e um tratamento eficaz para a apneia do sono pode reduzir muito o risco de morte.
Os efeitos colaterais da apneia do sono não tratados podem comprometer ainda mais a sua saúde e o seu bem-estar. Procurar um diagnóstico adequado para a apneia do sono pode identificar a causa dos seus problemas de sono, e consequentemente tornar-se mais saudável, mais animado e cheio de energia.
A apneia do sono é diagnosticada com base na história clínica (sintomas), num exame físico completo e nos resultados de um estudo do sono que lhe podemos fazer na OrisClinic.
No decorrer da consulta com o seu médico, este irá fazer-lhe uma série de perguntas específicas sobre a forma como funciona durante o dia (sonolência, irritabilidade, concentração, memória) e se dorme bem à noite. O seu parceiro ou outro membro da família com o qual partilhe o seu dia-a-dia deverá ir consigo a esta consulta, uma vez que o médico precisará de saber com que frequência e com que intensidade ronca, e com que frequência faz sons de engasgamento/tosse ou de respiração ofegante durante o sono – este tipo de respostas o próprio paciente não consegue dar de forma precisa.
O Exame físico para diagnóstico da apneia do sono
Parte do exame físico consistirá na observação do seu nariz, boca (maxilares, dimensões, posicionamento dentário) e garganta, por forma a avaliar a presença de alterações morfológicas. Um palato mole comprido ou uma úvula mais larga podem contribuir para a apneia do sono. No caso das crianças, o problema pode residir numas amígdalas aumentadas.
O que é um estudo do sono?
Um estudo do sono consiste numa série de testes para medir a qualidade de sono dos pacientes, bem como a reacção física corporal aos problemas de sono. Os resultados deste tipo de testes ajudarão o médico a determinar se, de facto, existe um distúrbio do sono e qual a sua gravidade. Os testes realizados num estudo do sono são os mais precisos no diagnóstico da apneia do sono. Na Orisclinic possuímos dispositivos que nos permitem realizar este tipo e exame, de forma prática e simplificada, comodamente em sua casa.
Existem diferentes tipos de estudos do sono para diagnóstico de apneia do sono
Existem dois grandes tipos de estudos do sono disponíveis: a PSG (polissonografia, realizada em laboratórios de sono) ou um monitor portátil usado na sua própria casa.
Estudo do sono usando monitor portátil doméstico
Trata-se de um tipo de estudo do sono simplificado que é feito na casa do próprio paciente, onde este se conectará a um sensor portátil quando for para a cama. NA Orisclinic utilizamos este tipo de estudo. O sensor registará algumas das mesmas informações do PSG, como:
Os resultados do seu estudo do sono serão posteriormente analisados pelo médico dentista expert em sono para determinar se você sofre de apneia do sono. Posteriormente, você poderá ser encaminhado para um estudo PSG completo, ou, alternativamente, os resultados do seu estudo do sono em casa poderão determinar de forma simples e direta o seu plano de tratamento futuro.
Na Orisclinic possuímos uma consulta vocacionada para a abordagem de pacientes com Roncopatia e Apneia do Sono, onde após o diagnóstico são abordadas as diferentes hipóteses terapêuticas.
Felizmente, existem tratamentos disponíveis para tratar a Apneia Obstrutiva do Sono, tais como:
– em casos moderados a leves, dispositivos que colocam o maxilar inferior para a frente – dispositivos de avanço mandibular
– em casos graves, dispositivos de pressão positiva – CPAP
– em casos de maxilar ou mandíbula recuada, pode ser considerada ortodontia combinada com uma abordagem cirúrgica.
É crucial atender a todos os sintomas e fatores de risco atempadamente, pois a apneia obstrutiva do sono pode impactar ambas a qualidade do sono e saúde no geral. Se suspeitar que pode sofrer de apneia do sono, consulte um profissional de saúde especializado na área do sono para fazer um diagnóstico e explorar soluções e intervenções adequadas ao seu caso.
Na Orisclinic, o médico dentista formado na área do tratamento de roncopatia e apneia do sono decidirá, após o diagnóstico, e dependendo da gravidade da patologia, em que área médica se enquadra o tratamento para cada paciente.
A American Association of Dental Sleep Medicine recomenda como tratamento de primeira linha para a roncopatia e apneia do sono leves a moderadas o uso de um aparelho intra-oral ou dispositivo de avanço mandibular.
Trata-se aqui de um género de goteira, que deve ser feita por medida e sob supervisão de um médico dentista, com a particularidade de permitir um avanço mandibular reposicionando a mandibula e a língua e conduzindo à desobstrução das vias aéreas durante o sono.
Os Dispositivos de Avanço Mandibular (DAM) devem ser individualizados, feitos por medida por um médico dentista adequadamente treinado em Roncopatia e Apneia do Sono.
São pequenos, confortáveis e bem ajustados às arcadas dentárias do paciente. A maioria das pessoas tolera bem o DAM e habitua-se a ele depois de o usar algumas noites seguidas, com mínimos efeitos adversos e temporários (excesso de salivação, boca seca, desconforto dentário).
O dispositivo intra-oral é fácil de usar, confortável e uma excelente alternativa a outro tipo de abordagens terapêuticas mais complexas, invasivas e irreversíveis para o paciente.
Quais são os tipos de Dispositivos intra-orais que fazemos na OrisClinic?
Os dispositivos de avanço mandibular não são todos iguais, apresentando características, espessuras, materiais e propriedades diferentes. Fale connosco por forma a encontrar qual será o dispositivo com mais vantagens para si. Abaixo estão alguns exemplos de Dispositivos de Avanço Mandibular que frequentemente utilizamos:
Outro tipo de abordagens terapêuticas:
Máquinas de Pressão Positiva
Um dos tratamentos para os casos mais graves consiste na pressão positiva, através de um gerador de fluxo, comummente denominado de CPAP(Continuous Positive Airway Pressure) que proporciona uma pressão constante nas VAS. Esta pressão é fornecida através de uma máscara colocada na face durante o sono, que força a entrada de ar nas VAS impedindo a obstrução e a respiração faz-se normalmente, sem paragens. Os episódios obstrutivos retornam todas as noites em que o dispositivo não é usado. Esta opção tem como principais inconvenientes o incómodo relativo ao uso de uma máscara noturna.
É neste fase que entra o seu médico dentista. Este pode aconselhar aos seus pacientes o uso de um dispositivo de avanço mandibular personalizado – DAM – , criado com o objetivo de mover confortavelmente a mandíbula para a frente enquanto dorme. O movimento de avanço mandibular ajuda a manter as vias aéreas abertas, reduzindo as hipóteses de estas ficarem bloqueadas. A roncopatia, as apneias leves e moderadas, ou os pacientes não tolerantes ao CPAP poderão ter indicação para DAM.
Tratamento comportamental
O tratamento comportamental inclui: perda de peso, exercício físico, terapia posicional e evicção de consumo de álcool e de sedativos antes de dormir. A perda ponderal ou perda de peso tem como objetivo atingir um índice de massa corporal (IMC) de, no máximo, 25 Kg/m² (peso normal). A perda ponderal eficaz pode reduzir a gravidade de SAOS em doentes obesos, sendo recomendada para todos os doentes, quer de forma isolada ou como adjuvante do tratamento principal de SAOS. A terapia posicional consiste num modo que permite manter o doente a dormir numa posição que não desencadeia os eventos respiratórios anormais, através de um dispositivo posicional, como por exemplo uma almofada ou bola de ténis no dorso.
Cirurgia Maxilofacial
A opção de recorrer a uma cirurgia para permeabilizar as vias aéreas pode ser colocada em casos de patologia mais severos, e quando todos os outros tratamentos não foram bem sucedidos. Dependendo da localização a intervir e da natureza da obstrução, este procedimento pode ser minimamente invasivo ou mais complexo.
Tipos de cirurgia:
Se, porventura, desconfia que sofre desta perturbação agende uma consulta com o Prof. Doutor Júlio Fonseca e esclareça todas as suas questões!
Outras informações:
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